Eu queria escutar o ruído da tua janela pra ver se descubro o que a cigarra conta, que tu escreve toda noite naquela maquininha de apertar botão. Entra botão sai palavra, entre as palavras pretas, o branco do dia. Quando a cigarra dorme (onde a cigarra dorme?) tu tens a manhã pronta naqueles pedaços de árvore. Nunca vi disso. Escutar cigarra. Pior que eu sei que por ai não pára. De dia enquanto tu finge ajudar no terreno, anda de segredo com as plantas. Capim limão, erva cidreira, tudo que é sorte de verde e marrom, claro, sem nunca esquecer as abóboras. Ainda bem que os de gente não podem ouvir a risada dos de raiz. Quanta bagunça tu faz naquele canteiro. Recolhendo histórias do verde e dos velhos e pedindo licença pra cortar com calma uma hortelã que quer virar chá. Quando sai pro mundo, tu abraça o tambor e beija sempre o moço de barba que fala em línguas. Eu gosto do sabor que é de ver vocês todos vadiando. Mexe dentro sabe? De encher a calma da gente de barulho.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
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Eita Vinicius!
ResponderExcluirMexeu aqui dentro também.
Simbora fazer a tua hora, pra logo a gente dividir essas coisas.
Poxa Binis, obrigada pelo carinho!
Que privilégio ter a sua amizade e a da Jajá!