sábado, 18 de fevereiro de 2017

sobre o desejo e a posse

o corpo manda. não é preciso obedecer, mas ele articula bem os seus domínios. consome aos poucos as barreiras erguidas pelo pensamento e se alastra feito metal derretido nas brechas que a alma não consegue fechar. o desejo é forte e abraça. dança. gira a esfera do tempo e as escolhas pairam feito nuvens cheias em dia de tempestade. o desejo é fúria e explode em raio, é mato queimado e gosto de terra. é raiz o desejo e cresce e é lindo.

o ego comanda. simula o sol e queima a retina da nitidez. aos poucos consome o que cerca a troca e cada vez que a porta abre ele vem vento pra barrar o que não pode conter. a posse é um crime. marca fundo quem toca seu centro e abre as pernas de aranha sobre o que quer manter preso. cola ao lado do desejo e faz o caminho inverso. o desejo vibra e a posse quebra.

que o desejo siga e que a posse seja combatida, morta todo dia na luta contra o que formou o homem.

que a posse acabe, afogada num rio de desejo e amor.

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