De barriguinha pra cima
Dorme o menino vadio
Catando estrelas e contando grilos
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
início de primavera
Era Setembro. Eu sei, eu lembro.
Tinha na noite um certo ar de estranha conveniêcia, como se o dia caminhasse para um momento já combinado. Como aquelas batidas de cotovelo que sempre antecipamos, mas nunca há tempo o suficiente para desviar. Talvez fosse mesmo o tal destino. Menino febril que adivinha tudo. Não sei, acho que não. Mas minha calma tinha sido atormentada, uma certa insegurança incabida tomou conta de mim por um tempo maior do que eu esperava. Eu sabia o que fazer e não fazia, o que dizer e não dizia. Meu olhar era a única coisa que falava. E tentava compensar minha quietude esquisita brilhando cada vez mais. Que bom. Ele me salvou, falou tudo o que eu não tinha dito. Dançou por mim a última canção da noite. Mas não sozinho. Outros olhos nos meus.
Era Setembro. Eu sei, eu lembro.
Tinha na noite um certo ar de estranha conveniêcia, como se o dia caminhasse para um momento já combinado. Como aquelas batidas de cotovelo que sempre antecipamos, mas nunca há tempo o suficiente para desviar. Talvez fosse mesmo o tal destino. Menino febril que adivinha tudo. Não sei, acho que não. Mas minha calma tinha sido atormentada, uma certa insegurança incabida tomou conta de mim por um tempo maior do que eu esperava. Eu sabia o que fazer e não fazia, o que dizer e não dizia. Meu olhar era a única coisa que falava. E tentava compensar minha quietude esquisita brilhando cada vez mais. Que bom. Ele me salvou, falou tudo o que eu não tinha dito. Dançou por mim a última canção da noite. Mas não sozinho. Outros olhos nos meus.
Era Setembro. Eu sei, eu lembro.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
vida aos pouquinhos II
Há de ser o tempo um guia, pra essa euforia estranha, entre premissas e demandas, fico eu com minha vida, acalmo minhas agonias da forma mais intranquila.
Dou tempo ao tempo.
Luto; batalha e enterro.
Dou tempo ao tempo.
Luto; batalha e enterro.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sobre a chuva que não cai
A casa bonita perdeu seu dono
Perdeu a fome de alguém por morar
Varanda quieta janela fechada
Janeiro sem festa sem vida por lá
Parece que ali o tempo tem sono
Balançando a rede da vida que vai
Parece que ali sorrisos armados
Amor estragado que ficou pra trás
Empresta mãe um cantinho
Pra que nessa casa a gente possa entrar
Empresta mãe tua mão doce
Pra desalegria daqui se mudar...
Perdeu a fome de alguém por morar
Varanda quieta janela fechada
Janeiro sem festa sem vida por lá
Parece que ali o tempo tem sono
Balançando a rede da vida que vai
Parece que ali sorrisos armados
Amor estragado que ficou pra trás
Empresta mãe um cantinho
Pra que nessa casa a gente possa entrar
Empresta mãe tua mão doce
Pra desalegria daqui se mudar...
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Desalegria
domingo, 24 de outubro de 2010
a bonita história do cão andaluz e da mulher tempestade
O forte ficava longe da casa, os dois tinham de caminhar um tanto quanto o gato tem de esforçar-se pra pular o muro. Mas iam...
Braços dados e dedos cruzados pra nuvem nenhuma atrapalhar.
Ela era aquela, daquelas, pedaço de mundo em corpo miúdo, perdição pra olhar perdido, remela nos cantos dos olhos, doce no canto da boca e um jeito de mulher que encanta o vagabundo nas paradas de zarcão e seduz sem querer os desavisados que andam sem guarda-chuva nas vielas da cidade. Ele era o cão, o desgranhado, barba mal feita e cabelo descortado, vivia com as calças de ontem e o dinheiro amassado, mas sempre com os olhos de quem já viu muito e
ainda quer mais.
O forte ficava lá longe, mas os dois a pé descorriam, depois corriam e assim iam, sem dizer uma palavra além das que os olhares trocavam. E na chegada
da noite, com a lua alta, enquanto as estações quentes dormiam e o pé gelado era a sensação, lá estavam eles. No forte. Lá longe. Cruzando os dedos por estrelas cadentes e sonhando alto de bolsos vazios.
Tudo isso eu vi num retratinho pequeno da parede de um quarto que passei. Perdi o retrato, não voltei ao quarto, mas a história eu guardei.
Braços dados e dedos cruzados pra nuvem nenhuma atrapalhar.
Ela era aquela, daquelas, pedaço de mundo em corpo miúdo, perdição pra olhar perdido, remela nos cantos dos olhos, doce no canto da boca e um jeito de mulher que encanta o vagabundo nas paradas de zarcão e seduz sem querer os desavisados que andam sem guarda-chuva nas vielas da cidade. Ele era o cão, o desgranhado, barba mal feita e cabelo descortado, vivia com as calças de ontem e o dinheiro amassado, mas sempre com os olhos de quem já viu muito e
ainda quer mais.
O forte ficava lá longe, mas os dois a pé descorriam, depois corriam e assim iam, sem dizer uma palavra além das que os olhares trocavam. E na chegada
da noite, com a lua alta, enquanto as estações quentes dormiam e o pé gelado era a sensação, lá estavam eles. No forte. Lá longe. Cruzando os dedos por estrelas cadentes e sonhando alto de bolsos vazios.
Tudo isso eu vi num retratinho pequeno da parede de um quarto que passei. Perdi o retrato, não voltei ao quarto, mas a história eu guardei.
vida aos pouquinhos I
A porta aberta pra rua deixa o vento entrar,
sopra meu sono no sofá velho da sala de TV.
Lá fora o tempo passa.
Cá dentro passo eu, dormindo poesia.
sopra meu sono no sofá velho da sala de TV.
Lá fora o tempo passa.
Cá dentro passo eu, dormindo poesia.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
que é pro amor poder vencer...
Diz a noite que foi ela
Que diante do desejo
Quis com a lua namorar
Diz que o mundo disse não
Que a lua sendo uma moça, é obrigada a ser do mar
Mas olha que mundo besta
Noite e lua tão perfeitas pra junta as duas "fica"!?
Diz que a lua quis fugir negou no mar se deitar
Quis ser luz em outra terra,
Quis pintar uma outra tela, pra com a noite ela ficar
Mas o mundo revoltou-se, fez a noite terminar, fez o dia ganhar tudo, brilhando com o sol o mundo que cansado foi girar, e girando percebeu,
Que sem noite lua não vem, que dia sem sol não tem, que não importa se é moço ou se diz que é moço, se é moça ou moça quer ser, importa sim é o afeto esse poder inquieto que cola eu em você, poder que a gente não vê, mas sente se é pra valer, como a lua sente a noite e alumia sem saber que o sol tá esperando o dia, pra brilhar com toda força que é pro amor poder vencer.
Que diante do desejo
Quis com a lua namorar
Diz que o mundo disse não
Que a lua sendo uma moça, é obrigada a ser do mar
Mas olha que mundo besta
Noite e lua tão perfeitas pra junta as duas "fica"!?
Diz que a lua quis fugir negou no mar se deitar
Quis ser luz em outra terra,
Quis pintar uma outra tela, pra com a noite ela ficar
Mas o mundo revoltou-se, fez a noite terminar, fez o dia ganhar tudo, brilhando com o sol o mundo que cansado foi girar, e girando percebeu,
Que sem noite lua não vem, que dia sem sol não tem, que não importa se é moço ou se diz que é moço, se é moça ou moça quer ser, importa sim é o afeto esse poder inquieto que cola eu em você, poder que a gente não vê, mas sente se é pra valer, como a lua sente a noite e alumia sem saber que o sol tá esperando o dia, pra brilhar com toda força que é pro amor poder vencer.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Hoje um xará me aconselhou a publicar um escrito lido numa cantina... Eu disse que não... mas bem, tenho em mãos este espaço criado por mim, e posso muito bem fazer dele um espaço pra dizer coisas desimportantes. Então tiro o pé da forca e passo a escrever novamente nesse local, agora pretendendo mais frequencia e menos euforia.
Abaixo o texto que meu xará leu e indicou publicar:
Quando meu filho um filho ter
Com a lida do tempo vou pelear
Nos olhos dele quero ver
O lago dos meus brilhar
E se de mim o menino rir
Do meu jeito de mal falar
Dos buracos do meu sentir
Dos passos que eu não sei dar
Com ele quero sentar
Mostrar por onde pisei
Falar do amor que eu não sei
Mas que mesmo assim posso dar
Cantar cantiga esquecida
Que fala um pouco da lida
Da minha vida sofrida
Pra ele estudo ganhar
Aí eu pego sua mão
E digo bem devagar
"filho tens tempo,
Que o meu o mundo levou
Faz da vida tua folia, canta e espaia a alegria que em teu pai sempre morou. Eu sei que não sei chorar, mas prende no meu olhar os teus por um tempo e vê. Teu pai nunca viu o mar, Não sabe pra onde o trem vai, de avião nunca voou. Mas da varanda de casa viu a noite todo dia, com as mesma estrela que tu via da cidade que tu mudou. E com essas mão hoje doída, foi na lavoura da vida que teu sonho junto sonhou. Te amo eu não sei dizer, um abraço eu posso tentar, mas lembra que o velho aqui por ti sempre vai rezar. Fica em paz meu menino, faz teu caminho no mundo. Me leva nas tua cantiga no teu olhar mais profundo".
Abaixo o texto que meu xará leu e indicou publicar:
Quando meu filho um filho ter
Com a lida do tempo vou pelear
Nos olhos dele quero ver
O lago dos meus brilhar
E se de mim o menino rir
Do meu jeito de mal falar
Dos buracos do meu sentir
Dos passos que eu não sei dar
Com ele quero sentar
Mostrar por onde pisei
Falar do amor que eu não sei
Mas que mesmo assim posso dar
Cantar cantiga esquecida
Que fala um pouco da lida
Da minha vida sofrida
Pra ele estudo ganhar
Aí eu pego sua mão
E digo bem devagar
"filho tens tempo,
Que o meu o mundo levou
Faz da vida tua folia, canta e espaia a alegria que em teu pai sempre morou. Eu sei que não sei chorar, mas prende no meu olhar os teus por um tempo e vê. Teu pai nunca viu o mar, Não sabe pra onde o trem vai, de avião nunca voou. Mas da varanda de casa viu a noite todo dia, com as mesma estrela que tu via da cidade que tu mudou. E com essas mão hoje doída, foi na lavoura da vida que teu sonho junto sonhou. Te amo eu não sei dizer, um abraço eu posso tentar, mas lembra que o velho aqui por ti sempre vai rezar. Fica em paz meu menino, faz teu caminho no mundo. Me leva nas tua cantiga no teu olhar mais profundo".
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brejeiro xará pai e filho
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