quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Amanha eu falo

Sentei na varanda. Mãos na toalha de renda e um livro para bordar minhas frases quietas. Sabia que por ali ele passaria, sabia que ele viria, com a mochila em um dos ombros, assobiando alguma canção bonita. Eu trancada nos próprios sapatos nada falaria, talvez um sorriso para o livro ao meu lado maquiando a vontade de sorrir em frente, de sorrir nele, de abrir os braços e a blusa para ele e dizer "Vem, que eu te entrego minha boca nua, que eu aprendo  a ser só tua. Vem me ensina o bom do amor que até hoje eu só fui brasa. Vem queimar meu peito e a casa". Mas nada disse, ele passou, parou de assobiar e dobrou a esquina. Amanha eu falo.

3 comentários: