segunda-feira, 1 de novembro de 2010

jogo de domingo.

Emblema do time no peito, tênis de futebol, uma camisa que passa dos joelhos, mas que mostra o número e o nome do artilheiro. É assim que o moleque vai. Ver o jogo com o pai. A euforia, a angustia, a ira, a paixão, sentimentos grandes demais pra caberem dentro de alguém de cinco anos, mas isso não vale pra ele. Quase um adulto quando o tema é o time, escalação na ponta da língua, sabe mais que o técnico, que segundo ele sempre erra a escalação e a substituição do segundo tempo (se o pai deixasse ele xingava), entoa todos os hinos com a força que seu tamanho aguenta. A única coisa que ele não entende ainda é a derrota. O controle emocional que demonstrava ao falar das táticas e jogadas ensaiadas que havia escutado na conversa do pai com o padrinho se vai. Assumida a condição de criança ele chora, pede colo e bate pé. A tristeza é tão grande que vira cansaço, o sono chega antes do fim do jogo. E o ombro paterno vira porto seguro. Volta dormindo pra casa. Mal sabe ele que com passos vagarosos, dando tempo a chuva que acompanha a volta e lava o medo de mostrar fraqueza, enquanto acalenta o filho e diminui o peso da partida perdida, enxugando as lágrimas no cabelo do pequeno, o menino mais velho também chora.

2 comentários: